8 de janeiro de 2008

Você comprou um carro bi-combustível? Parabéns.

Você agora é o mais novo acionista ativo do lucro econômico dos postos de combustível.

O preço do álcool anidro baixou nas usinas, porém, e como era de se esperar em um país como o Brasil, o preço na bomba dos postos continua o mesmo. Conforme o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), o aumento da margem de lucro dos postos é o que mantém o preço inalterado.

Difícil mesmo é não pensar na situação inversa. O preço do álcool combustível, em período de entresafra, acaba embriagando o bolso de todos os brasileiros e brasileiras que utilizam este recurso, direta e indiretamente. Se você não possui um carro movido a álcool, pode apostar que irá pagar mais caro no pãozinho da padaria na esquina da sua casa.

Há quem diga que as exportações do álcool anidro não foram lá aquela divindade, e que os estoques do combustível estão bem mais altos que o habitual. Tudo bem, que seja. Mas o cidadão, o patriota, o brasileiro, parece nunca ter uma chance de saber o que é ter um governo digno, que combata a exploração e lute pelos direitos das milhões de pessoas iludidas pelas suas promessas eleitorais.

Se este episódio se desse perto das eleições, aí sim pagaríamos bem menos pelo mesmo combustível. [Você tem dúvida de que algum figurão apareceria na televisão, com seu bigode bem alinhado e braço imponente dizendo?]: “Nós, do partido Raio que nos Parta, achamos isso um absurdo do setor privado. Vamos criar uma lei que obrigue os donos de postos de combustível a acompanhar o preço não só em seu aumento, mas também em sua queda”.

Amigos, eu mesmo faria este pequeno discurso em rede nacional e minhas chances de ser eleito seriam máximas.